Turma: E
Sala: 3111
Data de início: 02/09/2025
Data de término: 09/12/2025
N° total de vagas: 25
Tipo: Optativa - PDE*
Carga horária: 60 horas
Vagas para eletivas: Sim
Vagas para isoladas: Sim
A sociedade como interação simbólica. Contribuição do interacionismo simbólico e da “Escola de Chicago” para os estudos em educação. A questão do estigma. Julgamento professoral e seus efeitos para o desempenho escolar e para a auto-imagem do estudante. Sentimentos morais e a escola: a vergonha e o fracasso. Respeito.
BREVE DESCRIÇÃO DO CURSO
Um indivíduo é estigmatizado quando apresenta um atributo que o desqualifica diante dos outros.
Tal desvalorização pode incidir em características corporais, morais ou grupais que reforçam, via de
regra, uma discriminação insidiosa dos alunos percebidos como fracos. A partir deste fato,
interrogamo-nos nesta disciplina como o estigma pode estar associado à aprendizagem. Partimos da
seguinte pergunta: como a sociologia tem analisado os efeitos da estigmatização na sala de aula e na
escola? Como se constrói o julgamento que os professores fazem sobre o valor escolar do aluno?
Quais os efeitos desse julgamento sobre a autoimagem do aluno? Como se produz a internalização
do fracasso e o sentimento de vergonha e humilhação?
OBJETIVOS
1) Oferecer ao(à) aluno(a) subsídios para iniciar uma reflexão sistemática sobre os efeitos da
estigmatização em sala de aula e na escola;
2) Analisar como se opera a comunicação entre professor e aluno na sala de aula e como certos
julgamentos se traduzem, para o aluno, em sentimentos e percepções que fragilizam sua
autoimagem.
3) Refletir acerca da função dos julgamentos e apreciações fornecidas pelos docentes;
4) Analisar as práticas pedagógicas mais suscetíveis de reforçar este fenômeno, de forma a
dissuadir seu uso, por meio de mudanças de hábitos e atitudes que consistem em desacreditar os
alunos com piores desempenhos, contribuindo para a internalização do fracasso.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
Apresentação do curso
Unidade I – Sobrevoo teórico e leituras contemporâneas (normas de internalização,
julgamento, vergonha, estigma).
1.1 Goffman e o estigma
1.2 Becker e a teoria do etiquetamento
1.3 Rosenthal e Jacobson e o efeito pigmaleão
Unidade II – Julgamento escolar: um julgamento social
2.1 “Quando os professores julgam seus alunos”
2.2 O Professor pigmaleão: Performance escolar e profecia auto-realizadora
2.3 O efeito do julgamento sobre o desempenho do aluno
Unidade III – Contribuições da sociologia da moral à Educação
3.1 Vergonha/humilhação
3.2 Fracasso
3.3 A busca por respeito
Metodologia: A oferta da disciplina será totalmente presencial. As aulas serão do tipo expositivas/ dialogadas, com convite à participação e intervenção dos alunos.
A análise do conteúdo será baseada na leitura de textos. A avaliação e seus critérios serão discutidos no primeiro dia de aula, no momento da apresentação da disciplina.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA (por ordem de leitura):
BECKER, Howard. “A escola de Chicago”. In: Mana. Rio de Janeiro, no. 2, vol. 2. out. de 1996.
COULON, Alain. A escola de Chicago. Campinas, SP: Papirus, 1995
JOAS, Hans. “Interacionismo simbólico”. In: GIDDENS, Anthony e TURNER, Jonathan. Teoria
social hoje. São Paulo: Unesp, 1999
BLUMER, Herbert. A sociedade concebida como uma interação simbólica. In: BIRNBAUM,
Pierre; CHAZEL, François. Teoria Sociológica. São Paulo: Hucitec, 1977. p.36-40
SIMMEL, Georg. "O Estrangeiro." In: Evaristo de Moraes Filho (org.), Georg Simmel, coleção
grandes cientistas sociais. Trad. Dinah de Abreu Azevedo, São Paulo, Ática, 1993.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de
Janeiro: Zahar, 1982
SCHILLING, Flávia and MIYASHIRO, Sandra Galdino. Como incluir? O debate sobre o
preconceito e o estigma na atualidade. Educ. Pesqui. [online]. 2008, vol.34, n.2, pp.243-254. ISSN
1517-9702. https://doi.org/10.1590/S1517-97022008000200003.
GOMES, Nilma Lino. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o
corpo negro e o cabelo crespo. Educ. Pesqui. [online]. 2003, vol.29, n.1, pp.167-182.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1975. Introdução
e Capítulo I. pp. 11-75.
BECKER, Howard. Outsiders- Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
JUNQUEIRA, Fernanda Campos. "Estigmatização e rotulação no contexto escolar: a construção
social da violência". Especiaria- Cadernos de Ciências Humanas, vs. 12 e 13, ns. 22 e 23, jul./dez.
2009 e jan./jun. 2010, p.17 a 28.
ROSENTHAL e JACOBSON, “Pygmalion in the Classroom”. The Urbain Review, September,
1968.
RASCHE, Vânia M. Moreira; KUDE, Vera M. Moreira. Pigmaleão na sala de aula: 15 anos sobre
as expectativas do professor. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo (57): p. 61-70, maio de 1986.
CROIZET, Jean-Claude. Les préjugés sur la réussite et l’échec. Apprendre et faire apprendre.
Paris: PUF, 2011. Pages 197 à 209.
CROIZET, Jean-Claude; MARTINOT, Delphine. "Stigmatisation et estime de soi". In J.-C. Croizet
et J.-Ph. Leyens (eds.) (2003). Mauvaises réputations : réalités et enjeux de la stigmatisation
sociale (pp. 25-59). Paris : Armand Colin.
BRESSOUX, Pascal; PANSU, Pascal. Quand les enseignants jugent leurs élèves (s/d). Disponível
em:
https://www.researchgate.net/publication/237842464_Quand_les_enseignants_jugent_leurs_eleves
BRESSOUX, Pascal. “Jugements scolaires et prophéties autoréalisatrices: anciennes questions et
nouvelles réponses”. In: Les dossiers des sciences de l'éducation, N°10, 2003. De l’efficacité des
pratiques enseignantes ? pp. 45-58; doi : https://doi.org/10.3406/dsedu.2003.
BOURDIEU, Pierre; SAINT-MARTIN, Monique de. As categorias do juízo professoral. In:
NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI, Afrânio (Org.). Escritos de educação. Tradução de Vera S. V.
Falsetti e José Carlos Garcia Durand. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. p. 205-241.
OLIVEIRA, J. M. ; MEDEIROS, C. C. C. . Categorias do Juízo Professoral: Entre interpretações,
julgamentos e implicações. Estudos em Avaliação Educacional (Online) , 2018.
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: EdUSP; Porto Alegre:
Zouk, 2008, Introdução, p. 9-14; Título e ascendência da nobreza cultural, p. 15-62.
CROIZET, Jean-Claude. "Les préjugés sur la réussite et l'échec". In: BOURGEOIS, Étienne et. al.
Apprendre et faire apprendre. Presses Universitaires de France, 2011.
GAULEJAC, Vincent de. As origens da vergonha. São Paulo: Via Lettera, 2006.
MARTINS, José de Souza (Org.). Vergonha e decoro na vida cotidiana da metrópole. São Paulo:
Hucitec, 1999.
CORTESE, B. P. Vergonha e Práticas Avaliativas. Estudos em Avaliação Educacional, v. 17, n. 34,
maio/ago. 2006. Disponível em:
http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1287/1287.pdf
LA TAILLE, Y. de, MAIORINO, C., STORTO D. & ROOS, L. (1992). “A construção da fronteira
da intimidade: A humilhação e a vergonha na educação moral. Cadernos de Pesquisa, 82, 43-55.
SOUZA, Vera Lucia Trevisan de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O auto-respeito na
escola. Cad. Pesqui. [online]. 2008, vol.38, n.135, pp.729-755.
SENNET, Richard. Respeito- A Formação do Caráter em um mundo desigual. São Paulo: Editora
Record, 2004.