Turma: D
Sala: 531 - CEALE
Data de início: 18/02/2019
Data de término: n/d
N° total de vagas: 25
Tipo: Mini Curso
Carga horária: 15 horas
Vagas para eletivas: Sim
Vagas para isoladas: Não
Jean-Yves Mollier- Centro de História Cultural das Sociedades Contemporâneas.Université de Versailles Saint-Quentin-em-Yvelines/Université Paris Saclay.
Nascimento da cultura de massa na França na "Belle Epoque" (século XIX). Definições diversas sobre a cultura de massa no mundo anglo-saxônico.O papel dos “Colporteurs” na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, que se tornaram em seguida camelôs, e a sua participação na elaboração de uma cultura popular. A cultura de massa do século XX: o nascimento do disco, do rádio, do cinema, da televisão e da internet. As questões da alfabetização das massas, da escolarização de massa, da aculturação, da formação das comunidades de leitores, estarão no coração da problemática geral. Será contemplado um espaço muito vasto, incluindo a Europa do oeste, os Estados Unidos, a América Latina, com vistas sobre o resto do mundo
I - A emergência da cultura de massa no século XIX:
Partiremos das diversas definições dadas da “mass culture”, notadamente no mundo anglo-saxônico, e da sua filiação suposta com a televisão pelos sociólogos dos anos de 1960 (E. Morin) que via nela uma “filha da modernidade”. Evocaremos igualmente os trabalhos dos teóricos da Escola de Frankfurt (Adorno, Benjamin, Horkheimer) e a ligação da cultura de massa com as novas indústrias culturais dos anos de 1930 pelo viés do conceito de alienação. Estudaremos em seguida o surgimento dos estudos culturais na Grande Bretagne (R. Hoggart, S. Hall e E.P. Thompson) e a noção de “leitor oblíquo”. Passaremos a nossa concepção de uma “revolução cultural silenciosa” surgida na França nos anos de 1880-1900 para assentar as bases dessa cultura de massa própria no século XIX e ligada a alfabetização e a escolarização de massa surgida em certos países (França, Leste dos Estados Unidos, Alemanhã e Grã Bretanha).
II – O nascimento da cultura de massa na França na “Belle Epoque”:
Abordaremos aqui a noção de “cultura midiática” desenvolvida pelos especialistas da informação e da comunicação e estudaremos seus primeiros movimentos na França dos anos de 1830 (introdução do romance de Fotonovela na imprensa cotidiana) e naquela dos anos de 1860 (nascimento da imprensa popular a um centavo) antes de mostrar a importância dos dados estatísticos fiáveis para abordar essas questões. Trataremos do papel da escola e daquele dos manuais escolares, da imprensa popular, das coleções de livro baratos, dos espetáculos (teatro, ópera, café concerto, musical, circo), da publicidade e das imagens, isto é, da emergência das indústrias culturais na França dos anos de 1860-1910 para sublinhar a existência de uma autêntica cultura de massa.
III – A Grã-Bretanha e os Estados Unidos:
Evocaremos aqui o papel dos “Colporteurs” (vendedores/ambulantes a domicílio urbano) na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, que se tornaram em seguida camelos, e a sua participação na elaboração de uma cultura popular (termo que será discutido tendo em vista a amplitude do debate historiográfico a seu respeito). A venda ambulante pelos “Colporteurs” ou camelôs de “ballades” populares redigidas por ocasião dos enforcamentos de criminosos celebres permitirá falar da literatura de cordel na Espanha dos séculos XVII -XIX, nos almanaques na maioria dos países europeus, e do nascimento de uma “Culture Western” (Cultura de faroeste) nos Estados Unidos. O círculo de Buffalo Bill e aquele de Gerônimo que fizeram turnês na Europa a partir do fim dos anos de 1880 serão igualmente analisados, como os “Dime Novels” pequenos livros vendidos a 5 ou 10 “cents” e anunciando os “pulp fictions” do século XX. A questão da circulação internacional desta cultura de massa será examinada através do exemplo de “Uncle Tom’s Cabin” (1852), romances de Alexandre Dumas circulando na América Latina inclusive no Brasil na mesma época, e anúncios relatando as turnês do Wild West Show e do Pawnww Bill’s Wild West Show.
IV – A Cultura de massa no século XX:
Nesta quarta e última sequência alargaremos o horizonte esquecendo um pouco a cultura impressa e abordando o nascimento do disco, do rádio, do cinema, da televisão e da internet. Falaremos das novelas de televisão, da “novelização”, das “séries” e da “telenovelização”, do papel da televisão e das cassetes de áudio na transmissão das mensagens ou da propaganda dos “evangélistes” (evangelizadores) na América e dos imãs radicais no mundo árabe mulçumano ,insistindo sobre o poder das novas mídias e sobre sua capacidade de comover massas não alfabetizadas ou fracamente escolarizadas. Trataremos também da literatura de cordel no Brasil de hoje, da cultura Mainstream e de internet, assim como a transformação das indústrias culturais que se concorrem pelas redes sociais e a potência das GAFA (google, amazon, facebook e apple).
Uma conclusão geral levará sobre as quatro seções do seminário consagrado a chegada da cultura de massa no mundo e sobre as perspectivas abertas pela nova economia e internet.
Cronograma
O seminário será dividido em quatro seções, de quatro horas cada uma, a serem desenvolvidas nos dias 18, 19, 20 e 21 de fevereiro de 2019, na Faculdade de Educação da UFMG. Os seminários são endereçados a um público de alunos de mestrado e doutorado de cursos de de Pedagogia, Letras, História, Sociologia, Ciências da Informação/Biblioteconomia e de Comunicação.
O seminário, que terá tradução alternada, supõe que os ouvintes possuem já um certo número de noções gerais e, sobretudo, que eles aprofundaram seus conhecimentos, graças a um programa de leituras que será sugerido na última seção do seminário.
MOLLIER, Jean-Yves. O Camelô. Figura emblemática da Comunicação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.
MOLLIER, Jean-Yves. A leitura e seu público no mundo contemporâneo. Ensaios sobre História Cultural.Belo Horizonte: Autêntica. 2008