Turma: K
Data de início: 03/12/2020
Data de término: n/d
N° total de vagas: 40
Tipo: Optativa - PDE*
Carga horária: 60 horas
Vagas para eletivas: Sim
Vagas para isoladas: Sim
Priscila de Oliveira Coutinho
Um indivíduo é estigmatizado quando apresenta um atributo que o desqualifica diante dos outros. Tal desvalorização pode incidir em características cognitivas, corporais, morais ou grupais que reforçam, via de regra, uma discriminação insidiosa dos alunos que carregam algum tipo de estigma. A partir deste fato, interrogamo-nos nesta disciplina como o estigma pode estar associado à aprendizagem. Partimos da seguinte pergunta: como a sociologia tem analisado os efeitos da estigmatização na sala de aula e na escola? Como se constrói o julgamento que os professores fazem sobre o valor escolar do aluno? Quais os efeitos desse julgamento sobre a autoimagem do aluno? Como se produz a internalização do fracasso e o sentimento de vergonha e humilhação? OBJETIVOS 1) Oferecer ao(à) aluno(a) subsídios para iniciar uma reflexão sistemática sobre os efeitos da estigmatização em sala de aula e na escola; 2) Analisar como se opera a comunicação entre professor e aluno na sala de aula e como certos julgamentos se traduzem, para o aluno, em sentimentos e percepções que fragilizam sua autoimagem. 3) Refletir acerca da função dos julgamentos e apreciações fornecidas pelos docentes; 4) Analisar se há na literatura bibliográfica concernente ao tema uma sistematização de práticas pedagógicas consideradas mais suscetíveis para reforçar este fenômeno. Refletir sobre as formas de dissuadir seu uso, por meio de mudanças de hábitos e atitudes que consistem em desacreditar os alunos com piores desempenhos, contribuindo para a internalização do fracasso.
Apresentação do curso: introdução à sociologia da moral (normas de internalização, julgamento, vergonha, estigma).
Unidade I –Sobrevoo teórico
1.1 Durkheim, a moral e a escola
1.2 Goffman, o estigma e a escola
1.3 Becker, a teoria do etiquetamento e a escola
1.4 Rosenthal e Jacobson, o efeito pigmaleão ou a profecia auto-realizadora
Unidade II – Julgamento escolar: um julgamento social 2.1 “Quando os professores julgam seus alunos” 2.2 Julgamento escolar: função de reprodução das hierarquias sociais? 2.3 O efeito do julgamento sobre o desempenho do aluno
2.1 “Quando os professores julgam seus alunos”
2.2 Julgamento escolar: função de reprodução das hierarquias sociais?
2.3 O efeito do julgamento sobre o desempenho do aluno
Unidade III – O estigma e o sentimento de vergonha e humilhação
3.1 Estigma
3.2 Vergonha/humilhação
3.3 Fracasso
3.4 A busca por respeito
BIBLIOGRAFIA BÁSICA (por ordem de leitura):
DURKHEIM, Émile. A Educação Moral. Tradução: Raquel Weiss. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. __________. O ensino da moral na escola primária. Tradução de Raquel Weiss. São Paulo: CEBRAP, 2007.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1983.
BECKER, Howard. Outsiders- Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: EdUSP; Porto Alegre: Zouk, 2008, Introdução, p. 9-14; Título e ascendência da nobreza cultural, p. 15-62.
BRESSOUX, Pascal; PANSU, Pascal. Quand les enseignants jugent leurs élèves (s/d). Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/237842464_Quand_les_enseignants_jugent_leurs_eleves
ROSENTHAL e JACOBSON, “Pygmalion in the Classroom”. The Urbain Review, september, 1968.
BRESSOUX, Pascal. “Jugements scolaires et prophéties autoréalisatrices: anciennes questions et nouvelles réponses”. In: Les dossiers des sciences de l'éducation, N°10, 2003. De l’efficacité des pratiques enseignantes ? pp. 45-58; doi : https://doi.org/10.3406/dsedu.2003.1028
MAZOTTI, Alda J. “O aluno da escola pública”: o que dizem as professoras. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 87, n. 217, p.349-359, set./dez. 2006. Disponível em: http://www2.unifap.br/gpcem/files/2011/09/RBEP-o-aluno-da-escola-publica_Alda-Judith-Mazzotti.
GAULEJAC, Vincent de. As origens da vergonha. São Paulo: Via Lettera, 2006. MARTINS, José de Souza (Org.). Vergonha e decoro na vida cotidiana da metrópole. São Paulo: Hucitec, 1999.
LA TAILLE, Y. de, MAIORINO, C., STORTO D. & ROOS, L. (1992). “A construção da fronteira da intimidade: A humilhação e a vergonha na educação moral. Cadernos de Pesquisa, 82, 43-55.
SOUZA, Vera Lucia Trevisan de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O auto-respeito na escola. Cad. Pesqui. [online]. 2008, vol.38, n.135, pp.729-755.
CORTESE, B. P. Vergonha e Práticas Avaliativas. Estudos em Avaliação Educacional, v. 17, n. 34, maio/ago. 2006. Disponível em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1287/1287.pdf
SENNET, Richard. Respeito- A Formação do Caráter em um mundo desigual. São Paulo: Editora Record, 2004.