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FAE925 - Processos e Discursos Educacionais III : Cartografia como metodologia de pesquisa dissidente

Turma: M

Sala: 4110

Data de início: 26/09/2024

Data de término: 23/01/2025

N° total de vagas: 25

Tipo: Tópicos**

Carga horária: 60 horas

Vagas para eletivas: Sim

Vagas para isoladas: Sim

Docentes responsáveis
Horários

Ementa

Dissidência: escapar à modelagem dos corpos e modulação dos fluxos de desejo. Minorias. Criação de novos modos de vida, também acadêmica: epistemologias dissidentes. Epistemologia como logos, pathos e ethos: conhecimento como produção intelectual e corpórea. Metodologia de pesquisa e as contribuições das filosofias da diferença: conceitos da filosofia de Deleuze, Deleuze e Guattari, Foucault, Spinoza, Nietzsche entre outros.

Programa

OBJETIVOS
1- Geral
Dentro da constelação conceitual das filosofias da diferença, investigar as possibilidades de uma metodologia dissidente aos modelos hegemônicos.
2- Específicos
- Promover questionamento filosófico sobre a concepção tradicional de metodologia de pesquisa;
- Trazer bibliografia não hegemônica;
- Incentivar a busca de metodologias coerentes com os objetos de pesquisa e os pesquisadoras das minorias;
- Abrir o curso para colaboração participativa.

CONTEÚDO
Filosofia, ciência e arte; as questões filosóficas da metodologia de pesquisa; pensamento; pensamento sem imagem; corpo; multiplicidade; vida; imagem do pensamento; nomadismo; cartografia com metodologia e decisões sobre ontologia; minorias; dissidência; “A arte é o que resiste: ela resiste à morte, à servidão, à infâmia, à vergonha” (Deleuze, 1992, p.215); resistência.

METODOLOGIA
No geral, a metodologia utilizada será a de considerar a cultura e o conhecimento que os estudantes já têm, chamando-os a compartilhar seus pontos de vista, sua bagagem e o que sentem em relação às atividades propostas no curso. Trata-se de exercitar o pensamento filosófico, sempre acompanhado de conceitos filosóficos, para investigar os temas propostos. No particular, a metodologia utilizada será a do fuçar-ler-escrever. Cada participante se põe a “fuçar” os textos indicados: talvez não dê tempo de ler integralmente tudo, então olhar o sumário, ler uma parte e outra, aquilo que parecer relevante, olhar as referências, buscar algo que interessar, procurar na internet, na biblioteca, o que quiser relacionar, voltar para os textos, escarafunchar mais o que tiver afetado, seguir rastros. Nesse percurso, durante e/ou depois, escrever. Escrever o que e como quiser e o quanto quiser. Quer dizer, a partir de tudo que se viver com esses textos, expressar-se. Escrever sobre o que atravessou esse corpo, escrever como sentiu e pensou.
Depois, em aula, será a partir desses textos de cada uma que trabalharemos. Quando nos encontrarmos, cada uma (que quiser) vai ler o que escreveu, e comentar e trazer o que quiser.
Ainda algumas táticas de ensino:
1- Aulas expositivas e dialogadas;
3- Produção individual de pequenos textos escritos ou imagéticos, de discussão e articulação dos conteúdos estudados, e possível subsequente exposição desses para o coletivo (fuçar-ler-escrever);
4- Leitura e comentário desses pequenos textos por pares de estudantes;
5- Leitura filosófica de textos filosóficos e não-filosóficos;
6- Leitura filosófica de imagens e vídeos;
7- Produção de questões e problematizações sobre os temas tratados.

AVALIAÇÃO:
- Elaboração de textos e/ou imagens a partir dos estudos e discussões feitas, no percurso. 40 pontos.
- Trabalho: cada aluna escreve um texto expressando sua experiência com os estudos. 30 pontos.
- Participação: assiduidade, leitura, realização das tarefas. 30 pontos.




Bibliografia

ANZALDÚA Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas. Vol.8, n.1, 2000. https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880/9106
ASPIS, Renata Lima.Fazer filosofia com o corpo na rua, experimentações em pesquisa. Belo Horizonte: Mazza edições, 2001.
BENSUSAN Hilan. O lugar da fala do lugar de fala: sobre escuta e transversalidade. Revista Ártemis. 2021. https://periodicos.ufpb.br/index.php/artemis/article/view/59272
BERNARDINO-COSTA Joaze; MALDONADO-TORRES Nelson; GROSFOGUEL Ramón (Orgs). Decolonidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
BUTLER Judith. Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34, 1992.
DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2006.
DELEUZE, Gilles.; GUATTARI Félix. Kafka por uma literatura menor. Rio de Janeiro: Imago editora, 1977.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34, 1992.
DELEUZE, Gilles.; GUATTARI Félix. Mil Platôs, capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. São Paulo: Editora 34, 1997.
DELEUZE, Gilles.; GUATTARI Félix. Mil Platôs, capitalismo e esquizofrenia. Vol. 2. São Paulo: Editora 34, 1995.
DELEUZE, Gilles.; GUATTARI Félix. Mil Platôs, capitalismo e esquizofrenia. Vol. 5. São Paulo: Editora 34, 1997.
DESPENTES Virginie. Teoria King Kong. São Paulo: n-1 edições, 2016.
FOUCAULT, Michel. O Sujeito e o Poder. In: DREYFUS, H.; RABINOV, P. Michel Foucault: uma trajetória filosófica. Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
FOUCAULT, Michel. A escrita de si. Machine Deleuze. Revista Eletrônica. 2017. https://machinedeleuze.wordpress.com/2017/04/11/michel-foucault-a-escrita-de-si/
HISSA Cássio Viana (Org.). Conversações: de artes e de ciências. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
HISSA Cássio Viana. Entrenotas. Compreensões de pesquisa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
PASSOS, Eduardo. KASTRUP, Virgínia e ESCÓSSIA, Liliana. (Orgs) Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2012.
KILOMBA G. Memórias da plantação. Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2020.
LÍRIO, Vinícius da Silva. Cartografias de poéticas híbridas: entre rastros de encenações à margem. Belo Horizonte: Kma, 2019.
LÍRIO, Vinícius da Silva. Criar, performar, cartografar: poéticas, pedagogias e outras práticas indisciplinares do teatro e da arte. Curitiba: Appris, 2020.
LORDE, A. Sou sua irmã: escritos reunidos. São Paulo: Ubu editora, 2020.
MOMBAÇA, Jota. Pode um cu mestiço falar? Medium. Revista eletrônica, 2015. https://medium.com/@jotamombaca/pode-um-cu-mestico-falar-e915ed9c61ee
MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
MOMBAÇA, Jota. Rastros de uma submetodologia indisciplinada. Concinnitas. Revista eletrônica, 2016.
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/view/25925/18566
OLIVEIRA, Thiago Ranniery Moreira de. Mapas, dança, desenhos: a cartografia como método de pesquisa em Educação. IN: MEYER, Dagmar Estermann. PARAÍSO, Marlucy Alves. (Orgs). Metodologias de pesquisas pós-críticas em Educação. Belo Horizonte: Mazza, 2018, p.279-303.
RAGO M. (2013). A aventura de contar-se. Feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas, SP: Editora da Unicamp.
SMITH, Linda Tuhiwai. (2018). Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Curitiba: ed. UFPR.
TELLES Norma. Mulheres viajantes. Sete jornadas insólitas. São Paulo: Annablume, 2017.